P. João Miguel

P. João Miguel

* 08.01.1947
† 27.05.2021
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Padre João Miguel nasceu no dia 8 de janeiro de 1947 e tinha 74 anos. Fez os primeiros votos no dia 29 de setembro de 1965 e foi ordenado sacerdote no dia 20 de dezembro de 1980.

Atualmente residia em São Paulo (Brasil). Ele pertencia à Província BSP.

Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. (Jo 14,1)


Carta de despedida

Padre João Miguel se foi, voltou para a casa do Pai… Caro padre João, em fevereiro de 2014 tive a oportunidade de lhe conhecer e me lembro que, logo de início me chamou atenção o seu modo particular de celebrar a Eucaristia, de atender confissão. De fato, o Instituto era famoso por muitas coisas e dentre elas estava o senhor… Mal sabia eu que seis anos depois seríamos confrades, morando juntos na mesma comunidade religiosa e qual foi minha surpresa ao descobrir que eu seria um dos responsáveis por cuidar de ti e por quase um ano e meio exerci essa missão.

Entre tantas idas e vindas de carro contigo (de fato foram muitas) pudemos partilhar muita coisa, rezar, rir, discutir, sermos confrades… Lembro-me que na primeira vez que saímos juntos de carro pude ouvir sua história vocacional e o senhor de muito bom grado ouviu a minha, me aconselhou e mostrou que nos diferentes caminhos da vida somos sempre conduzidos por Deus, basta estar com o coração aberto: “Filho, fique com o coração aberto para a graça de Deus, ele me ajudou  e vai te ajudar também a ir até o fim”…

Como foi bom ouvir suas histórias, seus contos: “Filho do céu, vou te contar uma coisa…”; Quantas vezes o senhor chegava de mansinho quando estávamos cozinhando e vinha com suas “dicas de culinária”… Quanta devoção e amor a nosso Senhor: “Que maravilha Jesus está aqui…”, quanto amor pela Virgem, pelos santos, pela Igreja…

Nestes últimos meses acompanhamos de perto a sua luta, as suas dores, o seu sofrimento e, por fim, a sua humilde entrega nos braços de Deus… Em uma das últimas vezes que estivemos juntos lá no hospital, quatro dias antes de sua partida, o senhor mesmo com dificuldades para falar e quase não abrindo os olhos cantou junto comigo a música Mãezinha do Céu e Com minha Mãe estarei, depois disso eu pedi a sua benção e o senhor com esforço me disse: “Deus te abençoe filho”, foi a última vez que ouvi sua voz.

Agora, é a hora de dizer duas coisas: Obrigado e até um dia! Obrigado por tanto bem que fizestes a todos nós e até um dia, onde nos encontraremos na casa do Pai! Vá em paz Padre João, se encontre com Aquele que tanto amou neste mundo, receba o prêmio eterno, agora já não existe sofrimento, agora tu és verdadeiramente feliz. Reze por nós que ficamos.

Seu amigo e confrade, Fr. André Luiz, scj


Um pouco mais sobre o Padre João Miguel, SCJ

Equipe de Comunicação Instituto Meninos de São Judas Tadeu. São Paulo – SP, junho de 2021.

Nascido no dia 8 de janeiro de 1947 na cidade de Itumirim – MG, o padre João Miguel era bastante conhecido e respeitado entre benfeitores e funcionários do Instituto Meninos de São Judas Tadeu.

Intensificou sua vida cristã aos 7 anos quando quis ser coroinha do pároco de sua cidade natal. Ingressou em fevereiro de 1960 no seminário da cidade de Rio Negrinho, SC, da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.

Entre 1966 e 1973, esteve como Irmão na paróquia São Judas Tadeu, SP, e no Convento SCJ, Brusque – SC. Com o passar dos anos, o irmão João Miguel passou por um tempo de discernimento sobre sua vocação e assim tomou a decisão de se tornar padre. O Provincial aceitou seu pedido, designando-o a fazer o processo formativo. Assim iniciou curso de Filosofia (FEBE) na cidade de Brusque, SC, e depois cursou Teologia em Taubaté – SP. Assim, foi ordenado ao sacerdócio em dezembro de 1980.

Sua trajetória como padre teve início na paróquia Sant’Ana, em Lavras – MG, como vigário (1982-1983). Já entre 1984 e 1992, foi pároco na Paróquia São José na cidade de Botuverá – SC. De 1993 a 1994, foi membro da Comunidade Religiosa da Escola Apostólica Dehonista, em Lavras – MG.

Entre 1995 e 2000 foi vigário paroquial na paróquia Sant’Ana, Lavras – MG.

Foi transferido para São Paulo – SP, em 2001, para fazer um transplante de coração, e aqui permaneceu, no Instituto Meninos de São Judas Tadeu, até sua morte, em 27 de maio de 2021. Seu sepultamento foi no cemitério paroquial da cidade de Itumirim – MG. No IMSJT, fazia atendimentos aconselhamento, confissões, celebrações, visitas e bênçãos nas casas escritórios, fábricas e excursões religiosas.

Pe. João Miguel teve várias paradas cardíacas, mesmo depois do transplante, mas ele resistiu bravamente. Ele sempre teve muita devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Na Capela São José, acompanhava frequentemente um grupo de oração e convidava as pessoas para fazerem adoração nas primeiras sextas-feiras do mês. Padre João Miguel viveu sua vocação religiosa e sacerdotal, servindo de inspiração para seus confrades e jovens religiosos.


P. João Miguel, obrigado por ser testemunho religioso e sacerdotal!

P. Cláudio Weber, scj

 Tive a satisfação de vários encontros com o P. João Miguel, ao longo de décadas.

O primeiro foi no seminário menor, com ele dois anos mais jovem do que eu. Conheci-o bastante bem, sobretudo por meio de um irmão seu, meu colega de turma. Chamava-se Miguel Boueri.  Brincávamos que, para um, Miguel era nome; para outro, sobrenome. Depois, fizemos juntos parte da etapa mais importante da nossa formação espiritual, o noviciado, entre 1964-65. Eu professei como candidato ao sacerdócio, ele como Irmão religioso. Dez anos depois ele também pediu a admissão ao sacerdócio. Aceito pela Congregação dos Padres do Coração de Jesus, passou a estudar Teologia e foi ordenado sacerdote em dezembro de 1980.

Encontrávamo-nos frequentemente: no Santuário São Judas Tadeu, em encontros de confrades, em retiros espirituais, em trabalhos pastorais próximos… Um destes encontros que foi muito significativo para mim aconteceu em 1990, com ele já muito debilitado pela enfermidade cardíaca que se manifestara desde cedo.

Ele estava em Botuverá, SC, como pároco. E eu na sede Provincial da Congregação em S. Paulo. O Superior Provincial pediu-me para ir ao encontro de P. João para motivá-lo a transferir-se para São Paulo em busca de melhores recursos de tratamento. Encontrei-o na manhã de 12 de outubro, quando ele estava celebrando a Missa de N. S. Aparecida numa Capela, onde havia também a festa da Padroeira. Cheguei no meio da Homilia.

João falava de modo vibrante como sempre, embora acentuadamente arfante pela fragilidade do coração. Na hora da comunhão, ele deixou os ministros distribuindo a Eucaristia e sentou-se, cansado. Terminada a Missa, fui vê-lo. Ele sabia da razão da minha chegada: levá-lo a São Paulo, ao menos por algum tempo. Convidou-me a almoçar em meio ao povo, no ambiente da Festa. Sentia-se bem em meio aos fiéis e amigos que tinha conquistado. Só depois fomos à cidade, à sua casa, para conversarmos melhor sobre a saúde e a ida a São Paulo. Sentia deixar a paróquia, mas entendeu que era hora de buscar melhores recursos.

Em São Paulo seguiu um cuidadoso tratamento por alguns meses, mas a equipe médica não estava satisfeita com os resultados. Sugeriram então a transferência à terra natal, próxima de   Lavras, MG, onde havia um bom Centro Cardiológico. Para lá foi encaminhado. Isso foi bom por alguns anos. Até que, em 1999, recebi um chamado do seu Cardiologista, Dr. Odilon, dizendo que os recursos deles tinham se esgotado. Sugeriam para o P. João Miguel um novo coração, procedimento que não se fazia em Lavras. Foi então encaminhado, de comum acordo, ao Hospital Dante Pazzanese, onde começou os preparativos para um futuro transplante –– que aconteceu dois anos após. Seguiram-se os procedimentos de acompanhamento, e o P. João Miguel foi muito fiel às orientações médicas, o que possibilitou sua volta, pouco a pouco, a alguns serviços pastorais e litúrgicos –– agora residente no Instituto Meninos São Judas Tadeu.

Aqui rapidamente conquistou a simpatia dos benfeitores, dos visitantes, participantes das celebrações e dos que buscavam aconselhamento espiritual e o sacramento do perdão. Destacou-se por grande zelo apostólico, espírito de oração, de adoração Eucarística e de invocação dos santos, testemunhas do amor do Coração de Jesus.

Sou grato a Deus pela fidelidade e entusiasmo com que P. João Miguel viveu sua vocação religiosa e sacerdotal, dando excelente exemplo a seus confrades e aos jovens religiosos, e feliz de saber que cumpriu os últimos dias de sua missão em nosso Instituto.

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